O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e o senador Eduardo Braga (MDB) se encontraram em um evento público na Caixa Econômica Federal, apenas quatro dias após o indiciamento de Braga pela Polícia Federal. O senador é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o que torna a proximidade entre os dois ainda mais controversa. Ambos participaram da assinatura de contratos vinculados ao programa “Minha Casa, Minha Vida”, nesta terça-feira (24).
Apesar do indiciamento, que inclui acusações de envolvimento em um esquema de propinas ligado à antiga Hypermarcas, David Almeida mantém Braga próximo. O senador, conhecido por ser um dos principais articuladores políticos da Prefeitura junto ao Governo Federal, ainda defendeu o impacto positivo do programa habitacional em Manaus. Essa postura sugere que, pelo menos publicamente, a relação entre eles permanece inabalável, mesmo diante de sérias acusações.
A relação histórica entre os dois políticos é notável; Almeida começou sua carreira no grupo de Braga e agora conta com seu apoio para a campanha de 2024. Entretanto, essa aliança não se reflete na campanha eleitoral, onde o prefeito tem evitado associar sua imagem à de Braga. Essa decisão pode ser uma resposta à rejeição crescente do senador entre os eleitores manauaras, que pode comprometer a candidatura de Almeida.
O escândalo envolvendo Eduardo Braga, resultante de investigações da Operação Lava Jato, revela um esquema em que o senador e outros membros do MDB teriam recebido R$ 20 milhões em propinas da Hypermarcas. As investigações, baseadas na delação premiada de um ex-diretor da empresa, destacam a troca de favores políticos por incentivos fiscais e apoio a projetos de lei. A gravidade das acusações lança uma sombra sobre a reputação de Braga e, consequentemente, sobre a imagem de Almeida.
Por fim, a aparente contradição na postura de Almeida em relação a figuras políticas tradicionais, como Braga e Omar Aziz, também é um ponto crítico. Embora tenha se posicionado como defensor de uma nova política, buscando “aposentar os caciques”, agora ele recorre a essas mesmas figuras para garantir apoio em sua reeleição. Essa mudança pode ser vista como uma estratégia pragmática, mas também levanta questões sobre a autenticidade do discurso de renovação política defendido pelo prefeito.
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