Os municípios do Amazonas com os maiores índices de queimadas e incêndios florestais, como Lábrea, Boca do Acre e Apuí, também se destacam na produção de carne bovina. Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essas localidades são responsáveis por um efetivo considerável de gado: Lábrea com 652,3 mil cabeças, Boca do Acre com 475 mil e Apuí com 293 mil. Essa correlação entre a produção de carne e o aumento das queimadas levanta preocupações sobre o uso da terra e seus impactos ambientais na Amazônia.
O crescimento do rebanho bovino no Amazonas foi significativo, passando de 2.029.011 cabeças em 2022 para 2.377.089 em 2023, uma alta de 17,16%. Com um efetivo total de 2,38 milhões de cabeças, a criação de gado na região vem se expandindo, o que gera uma pressão adicional sobre as áreas florestais. Municípios menores, como Atalaia do Norte e São Gabriel da Cachoeira, possuem apenas algumas dezenas de cabeças de gado, refletindo uma grande disparidade na produção.
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que a região Sul do Amazonas, onde estão Lábrea, Apuí e Boca do Acre, concentra os maiores focos de incêndios florestais. As queimadas são frequentemente utilizadas como uma prática para preparar terras para pastagem, evidenciando uma conexão direta entre a pecuária e os incêndios florestais. Essa prática não apenas destrói a vegetação nativa, mas também contribui para a degradação ambiental e a perda da biodiversidade.
Além do Amazonas, outros estados da região Norte, como o Pará, também enfrentam essa questão. Com 25 milhões de cabeças de gado, o Pará ocupa a segunda posição no ranking nacional, enquanto Porto Velho, em Rondônia, destaca-se com 1,8 milhão de cabeças. Essa situação não é exclusiva do Amazonas, mas revela um padrão preocupante de expansão da pecuária que está levando à destruição de florestas em várias partes da Amazônia.
A interseção entre o crescimento da pecuária e o aumento das queimadas representa um desafio crítico para a conservação da Amazônia. A necessidade de uma gestão sustentável da terra torna-se ainda mais urgente à medida que a demanda por carne bovina continua a crescer, colocando em risco um dos ecossistemas mais importantes do planeta. As autoridades precisam encontrar um equilíbrio entre produção e preservação para garantir a saúde ambiental da região.
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