MANAUS (AM)- Com as queimadas agravadas pelo período de estiagem em decorrência do fenômeno El Niño e chuvas abaixo da média nesta época do ano, a fumaça e a péssima qualidade do ar tomam conta do Amazonas. A poluição atmosférica que ronda a capital amazonense, acende um alerta para fenômenos chamados de ‘chuva ácida e pretas’.
Como indicado pela Plataforma do Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (SELVA), a fumaça provocada pelo desmatamento na região Norte, resultou em níveis "muito ruins" a "péssimos" de qualidade do ar, considerados prejudiciais à saúde.
Ao Laranjeiras.News, a meteorologista, Carla de Souza Farias, ressalta a atenção para a exposição da população no período caracterizado pela intensificação das chuvas, o chamado “inverno amazônico” - que pode ter início no final de novembro - e ao se misturar com a fumaça, pode provocar chuvas ácidas e pretas.
“É crucial destacar que a fumaça em Manaus está em baixas altitudes, tornando-a especialmente prejudicial à saúde devido à inalação direta da população. Além disso, a ocorrência de chuvas após dias de estiagem e alta concentração de poluentes na atmosfera requer atenção. Embora a chuva ajude a limpar a atmosfera de partículas, gases e poluentes provenientes de queimadas, veículos e atividades industriais, a combinação desses elementos pode levar à formação de chuvas ácidas e chuva preta”, explica a meteorologista.
Diferença
A chuva ácida incorpora qualquer forma de precipitação com componentes ácidos que caem no solo a partir da atmosfera na forma úmida ou seca. Já a chuva preta costuma ocorrer quando a fumaça transportada pelo vento encontra nuvens que produzem precipitações, em geral associadas às frentes frias.
A especialista explica que:
- A chuva ácida resulta da interação da água da chuva com poluentes atmosféricos, como óxidos de nitrogênio (NOx) e dióxido de enxofre (SO2), provenientes de várias fontes, incluindo queimadas e emissões industriais. Isso resulta na formação de ácidos, como o ácido nítrico (HNO3) e ácido sulfúrico (H2SO4)”.
- Por outro lado, a chuva preta é uma descrição para a precipitação que transporta partículas de poluição atmosférica, como fuligem, poeira e cinzas, tornando a água da chuva escura e turva”.
Consequências
De acordo com o médico infectologista, David Souza, a população precisa ter atenção com essas mudanças no ar, principalmente com a chuva ácida, que pode provocar doenças respiratórias, devido aos poluentes na atmosfera.
"Caso haja longos chuvas que tragam essas substancias tóxicos é necessário que a população se mantenha vigilante, já que os efeitos da exposição podem levar a doenças respiratórias. A chuva preta pode entrar no organismo e provocar o desenvolvimento do câncer, já a chuva ácida gera danos pulmonar e dificuldades respiratórias em pessoas com asma, podendo levar à óbito. Então, as pessoas precisam se atentar neste momento, muito mais as chuvas ácidas, por conta da qualidade do ar que estamos vivendo nesses últimos meses", destaca o especialista.
Consequências da chuva ácida
Prejudiciais para o meio ambiente e para a sociedade em geral, a chuva ácida provoca várias consequências:
- Contaminação do lençol freático;
- Corrosão da pintura de carros e motos;
- Extinção de animais e vegetais;
- Surgimento de doenças pulmonares;
- Empobrece o solo, causando erosão e destruindo lavouras e plantações;
- Morte de peixes que vivem em rios onde o pH é quase neutro;
- Degradação de construções e monumentos históricos.
Precauções
A meteorologista salienta que a vigilância e a prontidão para adotar precauções continuam sendo cruciais em episódios da ocorrência de mais dias de estiagem e queimadas.
“Em caso de chuva ácida ou chuva preta, é fundamental que a população adote precauções para proteger a saúde e o ambiente. Evite sair ao ar livre, use roupas de proteção, guarda-chuva e óculos para minimizar a exposição direta à água ácida. Proteja materiais sensíveis, evite coletar água da chuva e limpe as superfícies após a precipitação. Uma dica é a utilização de solução neutra com água e bicarbonato de sódio para limpar as superfícies afetadas e enxágue abundante após a limpeza”, destaca Carla.
Mín. 24° Máx. 33°