Casos de infartos em mulheres devem ultrapassar casos de câncer de mama e de útero, segundo a Cardiologista Titular pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Dra. Wládia de Albuquerque Silva. A informação reafirma o levantamento feito pela SBC, que aponta que o Brasil teve um crescimento de 62% das mortes de mulheres jovens em decorrência de infarto.
A Sociedade destaca ainda que na faixa etária de 50 a 69 anos, o número quase triplicou, com alta de aproximadamente 176%.
“A prevalência de infarto do miocárdio em mulheres está aumentando. O número de pacientes do sexo feminino com doenças cardiovasculares já ultrapassará aquelas com câncer de mama e de útero, por exemplo. Além disso, os casos de morte já ultrapassaram os casos dos dois tipos de câncer. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), as cardiopatias correspondem por um terço das mortes em mulheres em todo o mundo”, disse Dra. Wládia de Albuquerque, ao Laranjeiras.News.
O Infarto agudo do miocárdio ou ataque cardíaco é a morte de células do músculo do coração devido a formação de coágulos que interrompem o fluxo sanguíneo de forma súbita e intensa. Pode ocorrer em diversas partes do coração, dependendo da área que foi obstruída.
Além do levantamento da SBC, um documento divulgado pela Global Burden of Diseases (GBD) em maio deste ano, reafirma o crescimento de infarto entre mulheres jovens em 62% em quase três décadas. Esse crescimento se deu entre mulheres de 15 a 49 anos entre o período de 1990 para 2019.
Os dados revelam que a incidência de infarto em mulheres de 15 a 49 anos no País saltou de 7,1 mil casos para cada 100 mil habitantes em 1990 para 11,6 mil casos em 2019.
Ainda segundo a especialista, as estatísticas mostram que a sobrevida depois de um infarto em mulheres é menor que em homens (5,5 anos para elas versus 8.2 anos para eles) e nelas, a incidência de recorrência do infarto é maior (21% enquanto que em homens, é cerca de 17%).
Fatores de risco
Os fatores principais que levam ao infarto são hipertensão arterial, colesterol ruim aumentado, Diabetes, tabagismo, dieta pouco saudável, além do sedentarismo. De acordo com a Dra. Wládia, atualmente, esses fatores tradicionais são prevalentes nas mulheres jovens, que acabam culminando com fatores de risco.
“Os Fatores de risco tradicionais são prevalentes nas mulheres com Doença cardiovascular, inclusive nas mais jovens, mas hoje em dia observa-se que caminham lado a lado com os ditos fatores de risco "emergentes" , como distúrbios metabólicos, distúrbios relacionados à gravidez, doenças autoimunes, apneia do sono, doenças crônicas, baixo nível socioeconômico, estresse, burnout e fatores psicossociais , como depressão e ansiedade, estes últimos vistos em maior número após a pandemia do Covid 19”, destacou a especialista.
Sintomas
Apesar de a dor torácica ser o sintoma mais prevalente e típico do infarto em ambos os sexos, a especialista alerta que as mulheres são mais propensas a apresentarem sintomas atípicos, como dor na parte superior das costas e pescoço, cansaço, náuseas e vômitos.
“Além disso, muitas mulheres podem apresentar sintomas de falta de ar, fadiga incomum ou desconforto em braço ou mandíbula nas semanas anteriores ao infarto. O desconhecimento e a falta do reconhecimento dos sintomas levam grande parte das mulheres a não procurar auxílio médico de imediato, comprometendo o diagnóstico e consequentemente aumentando a mortalidade dessa doença fatal. Profissionais de saúde também devem estar atentos aos sintomas atípicos no sexo feminino”, alerta a cardiologista.
Wláldia Albuquerque ainda enfatizou a prioridade na prevenção das doenças cardiovasculares, como boa alimentação e hábitos saudáveis.
“Medidas de prevenção das doenças cardiovasculares se fazem prioritárias, incluindo a sensibilização das pessoas quanto à mudança do estilo de vida, importância de se ter uma alimentação balanceada, realização de exercícios físicos regulares, cessação do tabagismo, moderação do consumo do álcool, controle do peso e do estresse, além do cuidado com a saúde mental. Nesse campo de cuidados, vejo que é importante tanto o autocuidado individual quanto o envolvimento da sociedade e governo na melhoria dos hábitos de vida da população”, conclui a médica cardiologista.
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