MANAUS — Entrou em vigor no último domingo (20), a nova tarifa do transporte coletivo de Manaus. O reajuste oferece valores entre R$ 4,50 e R$ 6,00 para diferentes grupos de usuários. O aumento da passagem de ônibus trouxe a preocupação para empresários do comércio da capital amazonense.
Trabalhadores que recebem o benefício do vale-transporte passaram a pagar R$ 6,00. O valor representa um aumento de 33%. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus, Ralph Assayag, disse que a categoria foi pega de modo inesperado com o aumento e teme que reajuste afete os trabalhadores com demissões.
Fomos surpreendidos com o aumento de 33% no vale-transporte. Infelizmente, a Prefeitura poderia ter pensado um pouco mais nos empresários, que mantêm o Centro e todos os bairros. Espero que esse impacto não leve à demissão de funcionários”, disse.
O presidente da CDL Manaus apresentou um gráfico, onde mostra os impactos financeiros com o custo do vale-transporte para funcionários. Por exemplo, em uma empresa com efetivo de 100 funcionários, que trabalham 22 dias úteis por mês, o empresário gastava R$ 19.800,00 mensalmente. Com o aumento, esse valor vai para R$ 26.400,00.
A análise sugeriu ainda que o reajuste fosse feito gradualmente, com o valor inicial de R$ 5,00 até chegar em R$ 6,00 em dois anos. “Poderia ter sido escalonado ou até antecipado, mas não com uma pancada tão grande como 33%”, continuou Assayag.
Para entender melhor quais os impactos que o reajuste da tarifa do vale-transporte pode gerar no setor, o Laranjeiras.News conversou com o economista João Sales. Segundo ele, o aumento afeta tanto os empresários, quanto os trabalhadores.
Isso representa um aumento direto no custo por trabalhador. Considerando um colaborador que utiliza duas passagens por dia, em 22 dias úteis, o custo mensal sobe para R$ 264 por empregado. Embora a empresa arque com a maior parte do valor do vale-transporte, a legislação permite o desconto de até 6% do salário-base. Com o valor da passagem mais alto, é mais comum que o trabalhador atinja esse teto, ou seja, tenha um desconto maior no contracheque”, comentou.
Sales ressalta ainda que o reajuste da passagem de ônibus pode resultar no repasse da margem para o preço dos produtos para manter a folha salarial dos funcionários, principalmente, de pequenas e médias empresas, que já enfrentam desafios com a alta carga tributária. “Representa um encargo adicional que pressiona a folha de pagamento podendo inclusive influenciar decisões de contratação, reajuste salarial e repasse de preços. Vale destacar que, empresas de pequeno e médio porte que já enfrentam desafios com carga tributária elevada e instabilidade econômica”.
Para João Sales, o reajuste deveria ter transparência nos cálculos tarifários, acompanhada de uma política de compensação gradual para manter o equilíbrio fiscal e a eficiência na produtividade. “O ideal seria que qualquer reajuste desse tipo viesse acompanhado de transparência nos cálculos tarifários e de uma política de compensação gradual, gerando uma vantagem tributária para empresas, como incentivos fiscais para empregadores. Sem isso, o risco é agravar o desequilíbrio entre custo de vida, causando ineficiência na produtividade, perca no poder de compra no cenário municipal e o desemprego crescer”.
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