A cheia dos rios no Amazonas já atinge diretamente 92.411 pessoas, o equivalente a cerca de 23 mil famílias, segundo dados divulgados neste domingo (20) pelo Comitê Permanente de Enfrentamento a Eventos Climáticos e Ambientais. O fenômeno, que ocorre anualmente na região, tem se mostrado mais severo em 2025, afetando não só moradias ribeirinhas, mas também a produção agrícola, principal fonte de sustento para muitas comunidades do interior do estado.
Em Benjamin Constant, município localizado no Alto Solimões, 600 famílias viram suas plantações serem tomadas pelas águas. Segundo a Secretaria Municipal de Agricultura, 18 comunidades ribeirinhas já contabilizam perdas expressivas na produção de mandioca, banana, maracujá, macaxeira e hortaliças. "O que conseguimos tirar, nós já estamos torrando, e o que está dentro d’água a gente vai ver se salva para a galinha, para o porco", relatou a agricultora Tilza Fabá em entrevista à Rede Amazônica.
A situação também se agrava nas áreas residenciais. Com as casas inundadas, muitos moradores estão sendo obrigados a se deslocar para regiões mais altas ou para zonas urbanas. "A alagação parece que está maior que ano retrasado", contou um morador, que decidiu se mudar com a família para o centro da cidade em busca de segurança. A Defesa Civil alerta que as nove calhas dos rios do estado estão em processo de cheia, com picos variando conforme a localidade.
De acordo com o último boletim da Defesa Civil, nove cidades já decretaram situação de emergência: Humaitá, Apuí, Manicoré, Boca do Acre, Guajará, Ipixuna, Novo Aripuanã, Benjamin Constant e Borba. Outras 17 estão em estado de alerta, e 36 em situação de atenção. O órgão continua monitorando a situação e promovendo ações de apoio, como a entrega de cestas básicas, kits de higiene e a realocação de famílias em áreas de risco.
Com previsão de cheias até julho, autoridades e moradores se preparam para um período desafiador. A Defesa Civil reforça a importância da prevenção e da solidariedade entre as comunidades afetadas. Enquanto isso, agricultores e ribeirinhos tentam salvar o que podem de suas colheitas e proteger suas casas, na esperança de que as águas recuem sem causar ainda mais danos.
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