A sessão plenária da Câmara Municipal de Manaus (CMM), realizada nesta segunda-feira (14), foi marcada por fortes protestos contra a retirada dos cobradores dos ônibus do transporte coletivo da capital. Dezenas de trabalhadores ocuparam a galeria da Casa Legislativa para demonstrar repúdio à medida adotada pelas empresas do setor, que, segundo o Sindicato dos Rodoviários, poderá levar à demissão em massa de profissionais.
A polêmica ganhou força na semana passada, após o presidente do sindicato, Givancir Oliveira, anunciar que a categoria pode deflagrar uma greve geral caso a retirada dos cobradores continue. A movimentação dos trabalhadores gerou uma reação dos vereadores durante a sessão, que cobraram o cumprimento da Lei Municipal nº 2.923, de 28 de junho de 2022, que garante a permanência desses profissionais nos coletivos da cidade.
O vereador Jaildo Oliveira (PV) criticou duramente o que chamou de falta de diálogo das autoridades com os principais afetados pela decisão. Segundo ele, o Ministério Público do Amazonas teria ouvido apenas o Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte), sem incluir a Câmara, os trabalhadores ou associações comunitárias. “É uma lei municipal que deve ser cumprida, doa a quem doer”, afirmou o parlamentar, destacando que já cobrou uma ação do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU).
Também na tribuna, o vereador Zé Ricardo (PT) alertou para o impacto social da medida. “Se isso continuar, vai resultar na demissão de centenas de trabalhadores, em sua maioria mulheres. Como é que uma empresa começa a praticar algo que a lei proíbe? Cabe à Prefeitura intervir. O prefeito não pode se calar!”, declarou. A demissão em massa preocupa, principalmente, pela falta de garantias de realocação desses trabalhadores.
Uma reunião envolvendo o Ministério Público, o IMMU e o Sinetram estava prevista ainda para esta segunda-feira para discutir o caso. O prefeito David Almeida (Avante) já havia se pronunciado sobre o assunto na semana passada, informando que a Prefeitura está em diálogo com as empresas para evitar demissões. Segundo ele, uma das possibilidades seria a realocação dos cobradores em outras funções, como a de motoristas, respeitando as orientações do Ministério Público e da Justiça do Trabalho quanto à retirada de dinheiro em espécie dos ônibus.
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