O prefeito de Manaus, David Almeida, afirmou nesta quinta-feira (10) que, sem o reajuste da tarifa do transporte coletivo, a capital pode enfrentar uma greve dos rodoviários nos próximos meses. A declaração foi dada durante a entrega de 12 novos ônibus à empresa São Pedro. Segundo ele, tanto a Prefeitura quanto as empresas do setor não têm condições de manter os custos crescentes do sistema, como reajustes salariais e subsídios, sem o aumento do valor da passagem.
A fala de Almeida ocorre em meio a uma disputa judicial em torno do reajuste. Nesta quarta-feira (9), o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Herman Benjamin, suspendeu a decisão do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), que havia mantido o valor da tarifa em R$ 4,50. A Prefeitura alegou que a manutenção do preço causaria um impacto financeiro de até R$ 92 milhões aos cofres públicos até o fim de 2025. Mesmo assim, o reajuste continua impedido por decisão da juíza Etelvina Lobo Braga, que analisa uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público.
Segundo o prefeito, o mês de maio trará desafios adicionais, como o reajuste da data-base dos trabalhadores do transporte coletivo e a negociação por ganho real. “Com isso, aumenta o custo e a gente precisa dessa forma [do reajuste]. Esse aumento da tarifa visa exatamente isso: tentar equacionar essas despesas para que a gente possa manter os serviços públicos”, explicou Almeida, ressaltando a necessidade de diálogo com o Ministério Público e o Tribunal de Justiça para alcançar um consenso.
Enquanto o reajuste não se concretiza, a Prefeitura tenta mostrar avanços no setor. Dos 12 veículos entregues nesta manhã, dois serão incorporados ao programa “TransPorta”, que oferece transporte gratuito e adaptado para pessoas com deficiência física severa. O serviço é feito com agendamento prévio e atende demandas de educação, saúde e lazer, funcionando porta a porta.
O impasse sobre o reajuste da tarifa coloca em xeque a estabilidade do transporte público em Manaus. De um lado, a administração municipal argumenta que não há sustentabilidade financeira sem o aumento. De outro, a Justiça mantém o veto ao reajuste, à espera da decisão final sobre a legalidade da medida. Até lá, usuários e trabalhadores do sistema vivem sob a ameaça de uma possível paralisação.
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