A pirataria nos rios do Amazonas alcançou um novo nível de sofisticação com o uso de drones para monitorar embarcações, especialmente balsas que transportam combustíveis. A denúncia foi feita por Galdino Alencar, presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial do Estado do Amazonas (Sindarma), durante o Fórum Segurança nas Operações Aquaviárias no Norte do Brasil, realizado em Manaus. Segundo ele, os piratas utilizam vários drones simultaneamente, inclusive à noite, para observar as cargas e decidir quando atacar, colocando em risco tripulantes e o abastecimento da região.
De acordo com o Sindarma, entre outubro de 2020 e dezembro de 2023, os piratas roubaram 7,7 milhões de litros de combustíveis, causando um prejuízo de R$ 48 milhões. Nesse período, os ataques aumentaram 105% em comparação a anos anteriores. Apesar da falta de dados consolidados de 2024, relatos de tripulações indicam que o uso de drones se intensificou nos últimos meses, tornando os crimes ainda mais estratégicos e desafiadores para as forças de segurança.
Para conter os assaltos, empresas passaram a contratar escoltas armadas que acompanham as embarcações. Segundo Alencar, essa medida reduziu o sucesso das quadrilhas, mas não eliminou os confrontos. “As trocas de tiros são quase diárias”, afirmou. O dirigente também alertou para o impacto das dragas de garimpo ilegal no Rio Madeira, que dificultam a navegação e contribuem para a insegurança nas rotas fluviais.
A crescente ameaça levou o deputado federal Saullo Vianna a apresentar o Projeto de Lei 2190/24, que propõe o aumento de 30% a 50% nas penas para crimes de roubo cometidos em embarcações. Se aprovado, o tempo de prisão pode chegar a até 13 anos. O projeto ainda será analisado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados.
Enquanto isso, o governo federal começa a se mobilizar. Em reunião em Brasília no início de abril, representantes dos ministérios da Justiça e dos Portos discutiram a criação de um programa nacional de segurança nas hidrovias. O prejuízo com os crimes fluviais no Amazonas pode alcançar R$ 100 milhões por ano. A proposta é integrar o uso de tecnologia, ampliar o papel da Polícia Federal e da PRF, e fortalecer a fiscalização para transformar os rios em corredores logísticos seguros e eficientes.
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